- Esse post faz parte da blogagem coletiva do mês de setembro do ROTAROOTS - um grupo de blogueiras "das antigas", criado para resgatar a boa e velha forma de blogar.
Eu não ia escrever sobre isso. Não ia mesmo. Mas a medida que toda essa ideia de beleza natural foi tomando meu feed, os blogs que leio, as notícias e etc, comecei a refletir. Para organizar minhas ideias aqui, vou começar a relatar minhas reflexões desde o começo. Então, senta que lá vem a história:
Na minha época de adolescente, passei pelas fases mais estranhas que vocês possam imaginar. O cabelo era estranho, os óculos eram grandes, o sorriso era bem feio e a cara era sempre lavada. Isso não necessariamente me incomodava. Minha mãe dizia que eu era bonita e então eu acreditava.
O bullying começou cedo na escola e aos poucos comecei a construir minha imagem a partir da visão de terceiros: "Se meu cabelo não está legal, vamos mudar o cabelo!"
Até que eu realmente tomasse as rédeas da minha própria vaidade, muita coisa entrou por um ouvido e se instalou num cantinho do meu cérebro.
Durante muito tempo a minha maior preocupação quando saía na rua era "o que será que as pessoas estão pensando de mim? será que a roupa tá legal? o cabelo tá no lugar? a maquiagem tá escondendo tudo?"... Durante muito tempo mesmo.
Isso me escravizou de uma forma que já não encontrava saída. Se eu ia à praia, tinha que me maquiar, se eu ia comprar um picolé na padaria, tinha que estar arrumada, se eu ia para a aula, tinha que estar bem vestida. Era realmente uma relação de dependência com tudo aquilo que eu achava estar me deixando mais bonita e aceitável aos olhos dos outros. E eu? Eu fui desaparecendo aos poucos no meio de tudo isso.
Hoje em dia ainda encontro dificuldades aqui e ali para ir me soltando e me aceitando. Mas, sem dúvida alguma, cresci e consegui quebrar algumas correntes dessa ditadura sobre o meu corpo e a minha imagem. Consigo me olhar no espelho e gostar do que vejo. Estaria mentindo se dissesse que não gostaria de melhorar certas coisas, mas já não me sinto brigada com o reflexo.
Agora vamos ao que realmente interessa nesse post: #StopTheBeautyMadness
Eu gostaria muito de conseguir enxergar uma boa ação nesse projeto, mas infelizmente meus olhos se voltaram para um outro detalhe: marketing e autopromoção.
E para chegar nesse ponto da análise, é preciso definir o que é natural pra você. Natural pra mim é estar com as cutículas crescidas e as unhas sem esmalte, é exibir manchas, espinhas, cicatrizes, cabelo arrepiado... O que há de beleza natural numa foto à meia luz, com um filtro discreto que sequer exibe uma olheira?
Somos todas (e todos) de alguma forma reféns de uma certa vaidade. Seja pintando o cabelo, gastando dinheiro com tratamentos estéticos, passando mil cremes milagrosos antes de dormir, ou no simples fato de ir à manicure. Até mesmo aquelas mulheres que decidiram exibir na internet fotos de cara lavada o fizeram por vaidade. Afinal de contas, nada como ganhar milhares de elogios dizendo como você é linda mesmo estando sem maquiagem.
Portanto, a beleza natural como querem vender, para mim, não existe. Beleza natural na minha opinião é aquela que nos faz sentir confortável sem nos escravizar. Beleza natural é nos amar com defeitos e qualidades, desleixos e vaidades, equilibrados e saudáveis.
Não existe pecado em se maquiar, em comprar uma roupa nova, em cortar ou pintar o cabelo! O pecado está em fazê-lo por outro alguém que não seja você. Você deve estar sempre em primeiro lugar! Seu conforto, sua felicidade e sua satisfação... Os outros? Os outros ficam pra lá.
Agora vamos ao que realmente interessa nesse post: #StopTheBeautyMadness
Eu gostaria muito de conseguir enxergar uma boa ação nesse projeto, mas infelizmente meus olhos se voltaram para um outro detalhe: marketing e autopromoção.
E para chegar nesse ponto da análise, é preciso definir o que é natural pra você. Natural pra mim é estar com as cutículas crescidas e as unhas sem esmalte, é exibir manchas, espinhas, cicatrizes, cabelo arrepiado... O que há de beleza natural numa foto à meia luz, com um filtro discreto que sequer exibe uma olheira?
Somos todas (e todos) de alguma forma reféns de uma certa vaidade. Seja pintando o cabelo, gastando dinheiro com tratamentos estéticos, passando mil cremes milagrosos antes de dormir, ou no simples fato de ir à manicure. Até mesmo aquelas mulheres que decidiram exibir na internet fotos de cara lavada o fizeram por vaidade. Afinal de contas, nada como ganhar milhares de elogios dizendo como você é linda mesmo estando sem maquiagem.
Portanto, a beleza natural como querem vender, para mim, não existe. Beleza natural na minha opinião é aquela que nos faz sentir confortável sem nos escravizar. Beleza natural é nos amar com defeitos e qualidades, desleixos e vaidades, equilibrados e saudáveis.
Não existe pecado em se maquiar, em comprar uma roupa nova, em cortar ou pintar o cabelo! O pecado está em fazê-lo por outro alguém que não seja você. Você deve estar sempre em primeiro lugar! Seu conforto, sua felicidade e sua satisfação... Os outros? Os outros ficam pra lá.
Acho que vaidade é um pouco como, amar a si mesmo sabe? E como tudo na vida, é legal quando se tem "na medida". Acho que ser vaidosa, porque alguém falou mal da sua aparência é meio mals, você tem que querer mudar por si mesmo.Tem dias que eu olho no espelho e quero mudar, porque cansei do meu reflexo HIDSHIHADSH ninguém é perfeito né? Mas todo mundo tem algo de bonito em si, basta saber enxergar isso por si só. Concordo com você sobre o que é beleza natural, até porque, o que pode ser defeito para alguns, é qualidade para outras pessoas. Chega de achar que tudo tem que ser perfeito!
ResponderExcluirhttp://www.leitecombiscoitos.com/
nossa, gostei muito do seu texto e concordo com ele. eu ainda não tinha parado pra pensar na coisa da autopromoção, mas é bem isso mesmo.
ResponderExcluire, ah, essa coisa do "sem maquiagem" foi um desafio do "como parecer maquiada sem maquiagem".
Não sou la muito vaidosa mas não fico fazendo alarde sobre isso nem faço pose de "olha só como valorizo mais a essência do ser humano do que vc". Acho pedante.
ResponderExcluirPor isso achei seu txt no ponto. É simplesmente live and let live (or die rsrsrs) e paramos todos de ditar regras. Cada qual com suas regras sobre si.
Estou gostando muito de acompanhar os relatos de todos os participantes do Rotaroots, é legal ver como cada um enxerga o tema de uma maneira diferente. Acho que você foi a primeira a tocar nesse ponto do marketing e autopromoção, eu ainda não tinha olhado por esse ângulo e, devo dizer, concordo! Deve fazer um bem imenso ao ego receber um "está linda!" em uma foto sem maquiagem alguma, rs. Mas acho que, mesmo que tudo tenha enveredado para marketing e autopromoção, trazer o tema para debate continua sendo bem válido, e isso também é louvável. (:
ResponderExcluirEu pensei em escrever sobre esse tema também, mas depois acabei desistindo porque nunca tinha tempo de escrever algo legal e realmente acho que esse assunto merece uma atenção especial. Eu sempre fui muito vaidosa e tal, mas nunca tive muita paranóia, sabe? Quando quero sair sem maquiagem, saio numa boa. Não sou refém, foda-se o que as pessoas esperam de mim. Por outro lado sei que muita gente acaba vivendo em função de maquiagem e, nesse aspecto, acho que projetos como o #stopthebeautymadness e a #terçasemmake extremamente importantes. Vaidade é sim uma forma de cuidar de si, mas virar escrava disso é loucura.
ResponderExcluirO que me deixou muito descrente com essa história toda foi ver o projeto virar desafio, sabe? Foi mais ou menos a mesma história do desafio do balde, que viralizou legal, mas acabou perdendo a essência no meio do caminho. Achei legal você ter tocado nesse ponto da autopromoção, porque no final, acho que foi bem isso mesmo. Por mais que as pessoas tentem olhar pelo lado positivo, depois de um tempo, era só a isso que o projeto se resumia: marketing pessoal. Infelizmente.
Oi Ana :)
ResponderExcluirNossos textos foram diferentes, mas acho que no fundo concordamos exatamente com a mesma filosofia: o natural é aquilo que a pessoa quer para si. Cada um tem sua cota de vaidade, e se tá tudo bem com isso, por mim tudo lindo! O que me incomoda é a pessoa se sentir escrava de tudo isso, tipo minha irmã que se recusa a sair de casa se não puder secar a franja antes, e dá pra notar nitidamente que isso é um saco - porque ela sempre reclama, mas mesmo assim não resolve parar, sabe?
Enfim!
Beijos!
Confesso que não sou muito vaidosa não, me arrumo apenas em ocaiões festivas.. Quase sempre ando sem maquiagem e as pessoas até estranham quando estou com hahahaha
ResponderExcluirAdorei seu texto
Beijos
Fiquei de pé p te aplaudir hahah. Mas, sério, fazia tempo que eu não lia algo tão sensato sobre o assunto. Eu concordo com tudo o que a senhorita disse. Parece que até o bullying já tem uma base nessa "escravidão estética". Aí eu olho p fotos de quando eu tinha 10, 11 anos. Acho que sofri bullying, mas fui demente o suficiente p não perceber. E chego nessa conclusão pq vejo a que os q realizam essa "prática" seguem uma linha...Acredito que a pessoa precisa ser muito além-terra p não se sentir regido, 1% que seja pelos preceitos dessa "ditadura". Ah, já tô misturando as coisas. Mas: tu se colocou bem demais. E tô por aqui p ler. Bj de luz!
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